terça-feira, 17 de novembro de 2009

TRANSTORNO MENTAL

45% da Grande São Paulo


já manifestou transtorno mental

Depressão é a doença mais prevalente, revela pesquisa com 5.037 moradores dos 39 municípios

da região metropolitana.

Números são superiores aos de outras partes do país e do mundo; fatores como violência e

competitividade explicam as altas taxas.

Na região metropolitana de São Paulo, 45% dos residentes já tiveram algum transtorno mental ao

longo da vida. Nos últimos 12 meses, 30% manifestaram algum problema.

As informações inéditas constam do projeto São Paulo Megacity, um estudo realizado pelo IPq

(Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas de São Paulo com 5.037 residentes dos 39 municípios

da região. Foram excluídos moradores de rua, pessoas que vivem em instituições e presos. Os dados

foram apresentados ontem no Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em São Paulo.

O grupo de doenças que compõem os transtornos de ansiedade, como estresse pós-traumático,

fobias específicas e transtornos de pânico, é o mais frequente nessa população ao longo da vida,

respondendo por 28% dos casos.

Isoladamente, a depressão foi a doença mais prevalente -18% dos avaliados manifestaram o

problema. Em seguida estão as fobias específicas (12,4%) e abuso e dependência de álcool e drogas

(9,8%).

"A Grande São Paulo tem características que a diferem de outros contextos, no que diz respeito à

violência, por exemplo. Isso pode ajudar a explicar a alta prevalência dessas doenças", diz a psiquiatra

Maria Carmen Viana, pesquisadora do Núcleo de Epidemiologia Psiquiátrica do IPq e uma das

investigadoras.

Os pesquisadores entrevistaram pessoalmente, entre maio de 2005 e abril de 2007, voluntários

com mais de 18 anos. Foram usados métodos específicos para detectar transtornos mentais em estudos

epidemiológicos. Segundo a psiquiatra do IPq Laura Helena Andrade, coordenadora do trabalho, os

resultados de pesquisas com essa forma de avaliação realizadas em outros países foram confirmados em

exames clínicos detalhados posteriores.

Segundo o Ministério da Saúde, as prevalências dessas doenças no Brasil seguem as taxas

mundiais, mais baixas do que as apresentadas na Grande São Paulo. No caso dos transtornos de

ansiedade, a proporção é de 15% da população.

Dados do ministério mostram ainda que, no país, a depressão grave atinge 6% das mulheres

maiores de 15 anos e 2% dos homens. A moderada ou leve é manifestada por cerca de 15% da população

em algum momento da vida.

Dados de estudos internacionais apontam ainda que cerca de 30% das pessoas manifestam algum

transtorno psiquiátrico ao longo da vida, de acordo com o psiquiatra Acioly Lacerda, professor de

psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Uma das hipóteses para explicar a alta prevalência na Grande São Paulo são dados de trabalhos

científicos que apontam relação proporcional entre o tamanho da cidade e o maior risco para transtornos

graves. "Existem vários fatores que influenciam, como o estresse social. O estresse mais poderoso nesse

sentido é o da competitividade, da expectativa social, que é muito maior em megalópoles do que em

locais menores", explica Lacerda.

Para os pesquisadores, São Paulo não está preparada para lidar com os problemas. O estudo

mostrou que, entre os que sofrem de depressão, por exemplo, somente 37% dos pacientes recebem

tratamento -desses, 15% seguem tratamento que consideram adequado (com visitas ao médico ou ao

psicólogo e uso de antidepressivos ou psicoterapia).

"Esses dados precisam ser analisados para apontarmos a que se deve o problema. Mas é preciso

ter políticas públicas de saúde direcionadas para prevenção em crianças e adolescentes com risco,

detecção e intervenção precoce", diz Viana.

Fonte: Folha de S. Paulo

Data da Reportagem: 07/11/09
 
Perdigão - Estudante MBA Gestão Pessoas - Faculdade 2 Julho

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