quarta-feira, 11 de novembro de 2009

FALTA DE SOL, CÁLCIO E VITAMINA D

A media que a expectativa de vida dos brasileiros aumenta, crescem os casos de osteoporose. Embora

atinja mais mulheres, a doença metabólica mais comum no mundo não é exclusivamente feminina

O aumento da expectativa de vida do brasileiro tem sido acompanhado por uma epidemia

silenciosa, que pode ganhar maiores proporções nas próximas décadas. A vilã, conhecida como

osteoporose, compromete a qualidade de vida de uma em cada três mulheres acima de 50 anos e

contabiliza, atualmente, pelo menos 10 milhões de vítimas em todo o Brasil. Especialistas alertam que a

pouca ingestão de cálcio e os baixos níveis de vitamina D (1)no sangue da população infantil indicam que

as crianças de hoje são fortes candidatas a sofrerem do mal em um futuro próximo.

A osteoporose é a doença metabólica mais comum em todo o mundo. Ela afeta os ossos,

deixando-os mais fracos e propensos a sofrerem fraturas. Não existem estudos epidemiológicos que

comprovem o aumento da incidência no país, mas a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e

Metabologia (SBEM) não tem dúvidas: o número de vítimas do mal já configura um problema de saúde

pública. A doença não é letal, mas as fraturas decorrentes do enfraquecimento ósseo podem levar o

paciente à morte. As mais comuns são as de quadril, vértebras e fêmur (osso da coxa). Estudos sugerem

que a primeira ruptura ocorre um ano depois do aparecimento da patologia, que é praticamente

assintomática. Cerca de 200 mil pessoas morrem por ano no Brasil em decorrência dessas fraturas.

“Menos de 10% das pessoas que quebram o fêmur, osso mais resistente do corpo humano, recebem

diagnóstico e tratamento para a doença”, revela a presidente do Departamento de Metabolismo Ósseo e

Mineral da SBEM, Victória Borba.

Idade avançada, histórico familiar, alimentação pobre em cálcio, sedentarismo, tabagismo,

alcoolismo e baixo índice de massa corporal são fatores de risco. A menopausa também está entre as

causas mais comuns, pois a falta de estrogênio reduz a composição óssea. A reumatologista Ana Patrícia

de Paula explica que o esqueleto, além de promover sustentação ao corpo, é fonte de cálcio para funções

importantes, como batimentos cardíacos e força muscular. “É uma estrutura viva, que está em constante

renovação. Sua destruição e reconstrução ocorre simultaneamente em diferentes partes do esqueleto”,

assegura.

Homens

A osteoporose é o desequilíbrio desse processo. A remodelação óssea não consegue acompanhar a

absorção do cálcio pelo organismo, caso o elemento não tenha sido armazenado ao longo da vida. A

médica ressalta que, apesar de mais comum entre as mulheres, a doença não é exclusivamente feminina.

Os homens sofrem com o problema, mas em idade mais avançada e com um agravante: o mal geralmente

vem acompanhado de outras patologias comuns em idosos. “As fraturas são mais graves entre os homens,

o que faz com que a taxa de mortalidade decorrente dessas rupturas seja maior entre eles”, observa Ana

Patrícia.

As mulheres também são mais cuidadosas. Depois que descobrem a doença, passam a monitorá-la

atentamente. É o caso da dona de casa Odete Chinchilla, 78 anos. Três décadas depois de ter recebido o

diagnóstico pelas mãos de uma ginecologista, ela confessa ter sofrido várias fraturas. No entanto,

conseguiu se recuperar de todas e faz questão de curtir a terceira idade ativamente, seguindo a dieta

recomendada e exercitando-se dentro do possível. “Tinha pouco mais de 50 anos quando a osteoporose

chegou em minha vida. A médica se assustou com a perda óssea avançada para a minha idade. A

menopausa agravou a doença”, conta. De lá para cá, Odete fraturou a coluna virando na cama, quebrou o

joelho, os pés, as costelas e sofreu com as dores decorrentes dos acidentes. “Tive infância saudável, mas

sou muito clarinha e baixinha, e isso é um fator de risco, sem contar que sempre tomei muito refrigerante,

o que também colaborou”, confessa.

Para Francisca Maria da Silva, 57 anos, a osteoporose foi uma surpresa. Voluntária do Centro do

Idoso do Hospital Universitário de Brasília (HUB), ela nem chegou a desconfiar da doença. “Uma

médica suspeitou da minha postura curvada e pediu um exame, que não deixou dúvidas. Desde então,

tomo medicamentos para repor o cálcio e tenho mais cuidado com a alimentação. Bebo muito leite, como

queijo e folhas verdes e tento prevenir as quedas. Tem dado certo. Graças a Deus, não tive nenhuma

fratura ainda”, comemora.

Prevenção

A osteoporose é comprovada por meio da densitometria óssea, exame de imagem que faz uma

varredura na coluna e no fêmur do paciente. Abaixo dos 40 anos, a doença é rara e quando ocorre é

preciso investigar causas secundárias do enfraquecimento ósseo. Indivíduos asmáticos, com doença

celíaca, usuários crônicos de corticosteroides estão mais expostos ao mal. As drogas disponíveis não

curam, mas previnem as fraturas. O próprio cálcio, vitamina D, medicamentos formadores de massa

óssea ou antirreabsortivos, que não deixam o osso se desgastar e promovem a absorção de cálcio, fazem

parte do arsenal.

A prevenção, porém, é a melhor arma. Ela é possível com boa alimentação, composta de leite e

seus derivados, e exposição solar saudável. “As crianças de hoje não comem bem, não brincam, não

recebem os benefícios dos raios solares. Em Curitiba, uma pesquisa detectou que 40% delas em idade

escolar têm insuficiência de vitamina D, o que nos leva a acreditar que a epidemia de osteoporose pode

ganhar força nas próximas décadas”, lamenta a representante da SBEN, Victória Borba.

1 - Necessidade de sol

A vitamina D promove a absorção de cálcio, essencial para o desenvolvimento de ossos e dentes,

e para coração, cérebro e pâncreas. A substância não é encontrada pronta na maioria dos alimentos, mas

sintetizada a partir de uma proteína existente no organismo — o calciferol —, com ajuda da exposição

solar. Funciona assim: ao ingerirmos a pró-vitamina D dos alimentos, precisamos da radiação ultravioleta

para transformá-la em vitamina D. Por isso, pessoas com restrições de exposição solar precisam reforçar

as fontes dessa vitamina no cardápio.

Ouça entrevista com a presidenta do Departamento de Metabolismo Ósseo e Mineral da SBEM,

Victória Borba

Fonte: Correio Braziliense

Data da Reportagem: 04/11/09
 
Perdigão
Estudante MBA - Faculdade 2 Julho

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