sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Pílula da inteligência turbina a mente

Depois de “turbinar” o desempenho sexual de milhares de brasileiros com o lançamento de vários


estimulantes sexuais, o novo mercado de drogas lança no Brasil um medicamento, que promete dar

superpoderes ao cérebro. Na Paraíba, a chamada “pílula da inteligência” já está sendo usada por

vestibulandos, concurseiros, estudantes universitários, empresários e médicos residentes, que têm um

ritmo de estudo e de trabalho muito intensos. No País, o medicamento, também chamado de “viagra do

cérebro”, foi lançado este ano com nome de Stavigile, cuja substância é a modafinila.

Na Paraíba, esse remédio já está sendo vendido em algumas farmácias. Ele promete turbinar o

cérebro, dando mais concentração nos estudos e no trabalho, mais memória, mais raciocínio e deixando a

pessoa acordada por até 12 horas, sem perda do desempenho cognitivo. Além disso, a nova droga não

causaria dependência, porque é um estimulante não anfetamínico.

“Já passei até três dias participando de reuniões intermináveis, que exigem uma atenção

redobrada. Um dia, decidi tomar um remédio, que o neurologista receitou para melhorar minha

concentração. E funcionou. Tomei um comprimido desse Stavigile e passei 12 horas com a concentração

melhorada e sem sono. Sei que jovens também estão usando, para conseguirem estudar mais”, revelou

Antônio, 30 anos, empresário, que mora em João Pessoa.

“Depois de tomar o remédio, parece que tudo ficou mais fácil. Antes, lia um texto três ou cinco

vezes para conseguir assimilar. Agora, leio uma vez e já aprendo”, relatou Renata, 29 anos, estudante de

Direito, da Capital.

Os depoimentos são de paraibanos normais, que não têm problemas neurológicos, mas que

decidiram tomar o remédio para aumentar o desempenho nos estudos e no trabalho. A modafinila é uma

droga indicada para tratar, a princípio, a narcolepsia, um distúrbio que provoca um sono excessivo

durante o dia e, ainda, para pessoas que sofrem de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Em pessoas normais, o medicamento parece “turbinar” a mente, aumentando a capacidade de

pensar. Mas até que ponto é seguro usar esse tipo de remédio? O neurologista Ronald Farias afirmou que

a modafinila não vicia, mas alerta que é preciso ter cautela.

Stavigile trata sonolência e age como ‘viagra do cérebro’

O neurologista Ronald de Lucena Farias disse que a modafinila é uma droga estimulante do

sistema nervoso central, que atua em várias áreas do cérebro, aumentando a transmissão bioquímica entre

os neurônios. “Ela acelera a transmissão entre um neurônio e outro e atua na substância reticular

ativadora cerebral, que é um grupo de neurônios que mantém a gente em estado de vigília. A sensação de

estar inteligente é porque mantém a pessoa mais alerta e mais concentrada”, explicou. “A modafinila é

um novo tipo de estimulante cerebral, que atua como uma espécie de ‘viagra’ do cérebro”, acrescentou o

médico Fernando Menezes Segundo.

Segundo Ronald Farias, a modafinila, também chamada de “pílula da vigília”, é a droga mais nova

disponível no mercado, utilizada para o tratamento de sonolência diurna (narcolepsia) e,

secundariamente, como estimulante, para pessoas com déficit de concentração, sonolentas, além de

estudantes, motoristas e outros trabalhadores da noite. “É um estimulante não anfetamínico. Não tem

relatos de que vicia e nem de lesão cerebral a curto prazo. Mas não pode ser usado direto”, alertou.

Aprovado, na época, em 1º lugar para Medicina e Direito no vestibular da UFPB, o médico

Ronald Farias revelou o segredo: “Estudar intensamente durante o dia, aproveitando o máximo esse

período e dormir bem à noite, em média oito horas, para que haja repouso dos neurônios e recomposição

dos neurotransmissores cerebrais”.

Efeitos colaterais

Para a neurologista Alba Medeiros Batista, as drogas estimulantes, principalmente as anfetaminas,

têm efeitos colaterais, porque reduzem a capacidade de relaxamento. “O importante é conhecer seus

limites, ter uma alimentação saudável, fazer uma atividade física e, se necessário, tomar algum

polivitamínico para aumentar o rendimento. As anfetaminas causam dependência. Não existe milagre,

mas bom senso”, pontuou.

Melhora da concentração

A psiquiatra Andréia Lígia Correia tem recebido muitos jovens em seu consultório, pedindo ajuda

para melhorar a concentração e o desempenho nos estudos. Segundo ela, a maioria tem entre 16 e 35

anos. São adolescentes, jovens e adultos jovens, que estão se preparando para vestibulares e concursos,

são universitários, estudantes de Medicina e médicos em residência.

“Chegou um jovem muito ansioso aqui, pedindo um remédio para melhorar a concentração dele e

‘turbinar’ a memória. Outra estudante, concluinte de Direito, também se queixou da falta de

concentração. Depois de tomarem o remédio (modafinila), eles disseram que aprendem mais rápido e que

só precisam ler uma vez para assimilar bem”, relatou a médica.

Segundo a psiquiatra, existem vários tipos de medicamentos estimulantes, como a Ritalina, cuja

substância é metilfenidato, do grupo das anfetaminas. “A modafinila é recente no Brasil e uma droga não

anfetamínica. Por isso, é preciso ter cuidado, porque não temos ainda dados científicos para dizer o que

essa droga pode causar no cérebro a longo prazo”, observou.

Ela disse que a modafinila e outras drogas semelhantes só devem ser usadas por um determinado

período de tempo, com uma finalidade, como se preparar para um concurso, uma prova ou um trabalho. E

o uso só deve ser feito com prescrição médica. “Nossa mente precisa descansar. Ninguém precisa ser

super homem o tempo inteiro. Existem drogas novas para todos os tipos de problemas, mas é preciso ter

moderação, porque são drogas específicas para grupos específicos”, advertiu Andréia Correia.

Preparação sem drogas

A paraibana Aline Nascimento está se preparando para concursos e disse que não toma nenhum

remédio para estimular o cérebro, porque acredita que pode trazer problemas no futuro. Já aprovada na

primeira etapa de um deles, ela diz que a fórmula é simples: “O segredo é fazer um cronograma de

estudo, organizar os horários e ter uma vida saudável, praticando uma atividade física”, ensinou.

Ronald Farias recomendou cautela, principalmente para alguns tipos de pacientes. Ele disse que

hipertensos precisam consultar primeiro seu cardiologista antes de fazer uso da modafinila, porque essa

droga acelera o coração. O Stavigile não deve ser usado por pessoas que tenham doença severa no fígado

ou pressão alta não tratada. “Não é indicado para pacientes cardiopatas. Além disso, pode anular o efeito

do anticoncepcional”, alertou.

Testes com 60 voluntários

A “pílula da inteligência” foi lançada na França em 1994 e batizada de “modafinil”. Após o

lançamento, atraiu o interesse dos militares. O Exército francês, e depois o americano, começaram os

testes. “O modafinil permite que indivíduos saudáveis fiquem acordados por mais de 60 horas, sem

efeitos colaterais”, concluiu estudo do governo francês. Em 2003, pesquisadores da Universidade de

Cambridge testaram o medicamento em 60 voluntários saudáveis e descansados. Os pesquisadores

descobriram que os voluntários tiveram melhor desempenho em testes cognitivos. Henriqueta Santiago

Fonte: Correio da Paraíba

Data da Reportagem: 15/11/09
 
Perdigão - estudante MBA Gestão Pessoas - Faculdade 2 Julho

Um comentário: